"Continuação: neste capítulo, Artem e seus amigos chegam à última parada de sua viagem: o Reino de Lava. Sons de zumbidos barulhentos surgiram da lava distante e dos rochedos em resposta aos sinalizadores de Dalmir. Um bicho gigante, vestindo armadura chapeada, chegou na frente deles. Era a carona deles ao reino dos canhões."
...
Artem, inicialmente, não tinha sentimentos negativos em relação a esses anelídeos invertebrados.
"Eles viram o sinalizador. Olhe, é o inseto fundido. Ele veio nos levar para casa."
É possível notar uma sensação de alegria e orgulho no tom de Dalmir.
"Veio nos levar? Outro bicho gigante... Há bichos demais aqui."
O bicho gigantesco, com formato de minhoca, tinha em torno de 2 metros de altura e
Artem estava relutante para subir no verme e ficou parado.
"O que foi, Artem? Isso não é mais estranho do que os insetos da Floresta da Primavera."
"Vamos, Artem."
Anna seguiu após Dalmir.
Um homem velho estava em pé nos anéis de músculos. Ele segurava uma longa vara numa mão e, na outra, havia um gancho de ferro, segurando algo parecido com uma rédea. Ele pulou das costas do bicho gigante com estilo. O homem velho esticou os braços e abraçou Dalmir. Estava claro que não eram apenas conhecidos, e sim grandes amigos.
"Ei! Dalmir!"
"Presidente Barbicane! Você veio me ver!"
"Hahaha, está surpreso? Vamos, me apresente aos seus companheiros de aventura!"
"Olá, sou a Anna."
"Olá, Anna! Sou o Barbicane. Hahaha, essa menina é um encanto!"
Barbicane percebeu que Artem não tinha se mexido e foi em direção a ele, gritando com toda força: "Você, o jovem aí! Vem rápido. Estamos voltando ao Reino de Lava!"
Artem, ao ver o velho mancando até ele e segurando sua mão, seguiu com relutância.
"Olá... Sou o Artem."
...
Após subir no bicho fundido imenso, aconteceu o que Artem temia. As armaduras de metal nas costas não cabiam direito no verme. Artem não conseguia se segurar em nada, exceto nos braços do assento. Ele apertou as pernas com força para evitar de cair da carapaça larga. A ponta da lança de Barbicane emitiu um som de eletrodo quando ele olhou para as pessoas sentadas atrás dele.
"Lá vamos nós!"
O verme gigante se contorceu com o choque da vara de Barbicane. Através de contrações rítmicas e relaxamento dos músculos anelados, o verme se movimentou para a frente cada vez mais rápido. Artem achou maravilhoso viajar sentado entre Anna e Dalmir. A distância entre eles mudava um pouco toda vez que os músculos do verme relaxavam e contraiam.
Sem dúvida nenhuma, havia algumas vantagens inesperadas nesse modo de transporte especial.
O verme grande e sua armadura podem ser comprimidos até certo ponto para que ele consiga rastejar por túneis. Ele pode percorrer algumas passagens vulcânicas menores e escalar paredes de rocha que outros teriam que dar a volta. Barbicane usou sinais estáticos complexos para controlar o verme, que também fez manobras delicadas sozinho. Eles eram como peças de uma máquina eficiente, realizando algumas manobras impossíveis juntos.
Artem também notou que o verme grande dissipava calor de uma maneira singular. Um líquido pegajoso escorria para fora de pequenos buracos reticulares na armadura. Depois a areia queimada caía da carapaça, enquanto novos barros e areias grudavam nela devido ao líquido, aliviando o aquecimento da armadura.
"Que incrível..."
No decorrer da viagem, a conversa de Dalmir e Barbicane sobre o Reino de Lava ficou mais interessante.
De acordo com Dalmir, metade dos aventureiros do Reino de Lava adora construir canhões, enquanto a outra metade adora aventuras. Barbicane é o presidente do Comitê de Desenvolvimento de Canhões do Reino de Lava, um ótimo exemplo da obsessão que eles têm com tecnologia de canhões. Eles ficaram se gabando sobre o tamanho do canhão e o alcance de tiro.
"Em nosso comitê, as pessoas respeitam você com base na potência do seu canhão. Dalmir está apenas interessado em fazer pederneiras. Não temos interesse nisso, hahaha!"
"Ei! Eu sou um aventureiro profissional! Hahaha!"
A risada deselegante do Presidente Barbicane transmitia a todos uma sensação de afinidade. Ele tinha um olho faltando, e uma mão e uma perna foram substituídas por próteses de metal. Artem só reparou que parte do crânio dele era feita com algum tipo de silicone quando ele se virou para falar com Dalmir.
"O que aconteceu com o meu crânio? Perdi um pedaço dele quando o canhão explodiu! Mas isso não me deixou lerdo, haha!"
Depois que Artem se acostumou com o passeio turbulento, ele começou a aproveitar a vista. Havia muitos vulcões com tamanhos variados, que pareciam estar prestes a estourar. Lava e magma estavam por todos os cantos e Artem sentiu calor causticante apenas de olhar. Qualquer humano normal acharia o ambiente hostil demais. Não seria incorreto dizer que esse lugar era o inferno na terra. Os vulcões negros, céu coberto de fumaça, lava vermelha esguichando por toda parte... Quem imaginaria que existiria um país aqui, focado na pesquisa científica de canhões?
"Faz muito tempo que nenhum aventureiro retorna. Pedi para o cozinheiro preparar um banquete de comemoração hoje à noite!"
Artem ficou animado de haver uma comemoração. Apenas Anna, que estava distraída vendo um vulcão à distância, parecia preocupada com alguma coisa.
...
O salão de banquete estava cheio de pessoas do Comitê de Desenvolvimento de Canhões e da Guilda dos Exploradores. A apresentação entusiasmada dos três, feita pelo Presidente Barbicane, foi recebida com aplausos estrondosos. Artem notou que todos estavam sem uma parte do corpo, seja um braço ou uma perna. Alguns tinham queixo de borracha ou nariz de platina.
Pela perspectiva do Artem, era um milagre que o corpo de Dalmir estivesse intacto.
"Durante anos, o Comitê de Canhões está planejando o grandioso evento de canhões, digno dos nossos ancestrais! Todos sabem que a maior atividade vulcânica na história está chegando!"
"Viva os vulcões!" O salão de banquete se encheu de aplausos mais uma vez.
"Vamos nos atirar corajosamente no espaço sideral, arriscando nossas vidas pela maior aventura que o mundo já viu!"
"Viva o espaço sideral!" O salão de banquete estremeceu como se fosse ruir a qualquer momento.
"As observações posicionais da viagem de Dalmir nos permitiram rastrear o Satelleden. Tenho o prazer de anunciar que agora podemos alcançá-lo usando canhões com certeza absoluta!"
O silêncio repentino no salão deixou evidente que muitos ficaram surpresos com a notícia. Depois, ele foi seguido de aplausos e comemorações, que persistiriam mesmo se todos os canhões do salão de banquete disparassem ao mesmo tempo.
Artem saiu de fininho da multidão de pessoas no salão de banquete. Ele viu Anna observando o vulcão silencioso à distância pela janela. Ao lado dela, estava o vinho espumante que tinham trazido da Floresta da Primavera.
"Anna..."
"Artem, não diz nada. Pode vir aqui rapidinho?"
Durante as suas aventuras, Artem observou mil vezes a tenacidade extraordinária de Anna. Mas, agora, a voz dela parecia um sinal de emergência, implorando pela sua ajuda. A respiração suave dela indicava um desejo de fazê-lo ficar. Isso fez Artem ter vontade de abraçá-la por trás.
"O que houve?"
"Se você for para o espaço sideral, vai voltar de novo um dia?"
"Talvez. É provável que não tenham canhões no Satelleden."
"Artem..." Anna se virou e seu rosto estava corado como se tivesse chorado. Naquele momento, os sons do salão de banquete desapareceram e o mundo inteiro se silenciou.
"Eu sinto falta de casa. Volta para casa comigo?"
(Continua)